domingo, 10 de abril de 2011

Vila de Samba e Bola

A Vila Costa e Silva: construída no início do "Milagre Brasileiro", era um exemplo de um projeto comunitário que nasceu para mostrar a força do modelo econômico, mas que não recebeu a infra-estrutura adequada. E até hoje paga "pelos erros dos políticos de querer mostrar o serviço.  Com moradores de diversas faixas sociais, desde aqueles que sonharam com o "plano da casa própria" até àqueles que tinham saído de cortiços e favelas, o bairro conheceu em seus primórdios, muitas brigas e desavenças.  Mas foi o futebol e Samba que começaram a mudar os hábitos e costumes, criando sonhos e lendas.  Foi em 1970 - quando o ufanismo do crescimento econômico deixava o País sonhar com grandes promessas e rumos - que naquela região de terra vermelha e muito mato que casas começaram a brotar. No local de cada antigo pedaço de pasto da Fazenda Santa Genebra, surgia uma moradia, igual em sua arquitetura popular ( de dois ou quatro quartos, sala, cozinha e banheiro, com um quintal para plantação) começou a voz do progresso ... o burburinho de pessoas que chegavam em caminhões e carros improvisados. Entretanto em cada nova chegada havia justamente uma nova festa, um novo descobrir, e um novo recriar.  A Vila Costa e Silva teve inúmeros problemas e dificuldades.  Moradores tinham que saltar na Rodovia Barão Geraldo e ir a pé até suas casas, pois os ônibus não se aventuravam a entrar no bairro, onde o barro e o medo eram primeiros donos. A noite ao entrar em casa os moradores se deparavam com a absoluta escuridão, foram cinco anos no escuro.  Canos estouravam todos os dias - pois muitos ainda estavam a mostra - com a rede de saneamento básico esperando por sua finalização. Ainda faltava asfalto, guia e sarjeta a espera pelas melhorias era um longo pesadelo. Numa extrema bagunça empresas se alternavam para dar ao bairro o minimo de infra-estrutura. Os moradores se uniram em torno do "Conselho de Moradores" usando a união para sair do sufoco.  Como muitos moradores eram ex-favelados e por conseguinte pobres, os problemas econômicos entre os moradores eram constantes. A COHAB aterrorizava os que atracavam o pagamento da casa com ameaças de despejo, muitos terminaram nas ruas. Mas quando o "Conselho de Moradores" era avisado das dificuldades de algum morador, todos se união para salvar aquele irmão. Nesta época a união entre os moradores era bem maior que na atualidade.  Mas haviam dois inimigos maiores a falta de apoio externo e o estigma da violência permanente, que a transformou num lugar onde - diziam moradores de outros bairros - "que o perigo rondava.  Perto do longínquo Grameiro hoje Parque Taquaral, grupos organizados travavam uma disputa pela hegemonia do bairro. O domínio da rua, de uma esquina, de uma praça, era prêmio disputado pele Força Bruta e pele Força Jovem. A primeira composta só de negros, tinha a tranferência de problemas raciais em sua disputa com o outro grupo que era misto (miscigenado). Sendo a Costa e Silva palco de complexas disputas, por onde veio a integração (união)?  A resposta é simples da trilogia existente na vida de qualquer brasileiro: futebol, samba unidas à malícia foram os mentores desta união. Além de dois guerreiros da paz um da educação o inesquecível Diretor Sr. Ricardo do Adalberto Prado e Silva e o religioso Padre Jacinto injustiça seria não citar os dois.  Nos campos de terra deste universo varzeano rolavam a bola o Real Estrela criado pelo "Conselho de Moradores", o Estrela Azul, o Esporte Clube Estrela, o Avenida Hum, o Corinthinhas entre outros. Tempos em que os donos da bola eram Otávio Xavier, Pércio de Oliveira e o apito ficava por conta de Gilson Ferraz (O Gilson) foi uma época de ouro.  Hoje a bola rola com mais frequência no Alvorecer.  Tivemos grandes nomes na musica como Nene do Cavaco, João Caveirinha e Jorge Matheus o gigantes da música brasileira.  No asfalto a Estrela D' Alva brilhou por longos anos, mas teve seu brilho ofuscado quando em 78 Liberato de Moraes - o Beiçola faleceu. Deixando a Vila Costa e Silva orfã do samba, sua filha a Estrela D' Alva nunca mais brilhou.  Hoje temos vários grupos de pagode e hip hop como Opsamba, Conceito Real e Função Original entre outros isto é muito bom. Mas para quem é das antigas o samba dos grandes mestres faz muita falta.  A Vila tambem se transformou num dos points do Graffiti campineiro com o veterano Zélus.  E ainda crews de graffiteiros como Quatro Pretos, Maloka, Balbos, Elementos, Criminal -  (firme e forte), Usuarios, Malvados, Perversos, Intocaveis, Crimi - V.C.S - Z N,  Colts,  Humildes, Cruel, Ipiranga Breakers, Perfeitos - (não aceita falha), Vários  entre outras.  Alguns carreira solo como Zélus, Fera, Gordo, Único e o talentoso Nénão.  Este perfil foi criado para que os mais jovens saibam do passado e que com isto respeitem a luta dos mais velhos. Um povo que não conhece o passado não tem futuro. União, respeito e atitude são caminhos para a vitoria e a paz.

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